• Conectividade
  • 3 min de leitura
  • Agosto 28, 2020

Operadoras mantêm mercados emergentes conectados durante a COVID-19

Por Kostas Kastanis, Deputy CEO

Nos últimos cinco anos, mais de 1 bilhão de pessoas[1] em todo o mundo ganharam acesso aos serviços de dados móveis. Como as operadoras de redes celulares continuaram a expandir seu alcance, cada vez mais pessoas passaram a ter acesso ao que agora consideramos uma ferramenta essencial para viver – a internet. 

No entanto, nem todo acesso ocorre por igual. Se um indivíduo tem ou não acesso rápido e seguro aos serviços on-line de que necessita pode variar muito dependendo da economia, geografia, infraestrutura e do papel que as operadoras de rede celular escolhem desempenhar. É a razão pela qual 1GB de dados móveis irá custar em média 27,41 dólares no Malauí, enquanto na Índia pode custar tão pouco quanto 0,09 dólares, em grande parte devido ao alto nível das operadoras de redes de telefonia celular que competem por clientes na região. É por isso que um funcionário com salário mínimo na Nigéria teria que trabalhar um dia inteiro para poder pagar 1GB de dados, mas nos Estados Unidos teria que gastar apenas um pouco mais do que uma hora de trabalho[2]. Uma das comparações mais fáceis de se obter a partir dos dados disponíveis[3] é que o custo dos dados tende a cair à medida que o número de redes em um país aumenta. É claro que a diferença de 30.000% entre o preço mais barato de dados e o mais caro está estreitamente ligada à infraestrutura e às economias locais, mas a responsabilidade de fornecer acesso à Internet também é dos próprios “fornecedores” – as operadoras de redes de telefonia celular. Eu diria que cabem às operadoras de rede celular superar o abismo digital na medida do tecnologicamente possível, proporcionando fácil acesso a pelo menos os serviços essenciais e básicos que todos nós dependemos fortemente. 

Ampliando a barreira digital 

A pandemia da COVID-19 aumentou esta necessidade, criando ambientes – particularmente em mercados emergentes – onde o acesso a serviços essenciais on-line tornou-se mais uma questão de responsabilidade social do que de vendas e marketing. As pessoas ao redor do mundo se tornaram mais dependentes da Internet do que nunca. Isto teve um impacto desproporcional nos mercados em desenvolvimento, como o Brasil ou a África do Sul, onde a barreira digital era maior e os usuários dependiam de recargas e quotas de dados móveis. 

Os dados de pesquisa on-line coletados pela plataforma Zero-D da Upstream de março de 2020 a maio de 2020 ressaltam de maneira indiscutível a necessidade de serviços on-line rápidos e seguros a preços acessíveis nos mercados emergentes. No Brasil, o termo “internet grátis” representou 43% das buscas on-line, superado apenas pelas buscas por “Facebook”, pois os indivíduos tentaram se conectar e permanecer em contato uns com os outros on-line. Talvez isto tenha sido devido à incapacidade das pessoas de pagar pelos dados, já que seus rendimentos foram afetados pela pandemia e pelo subsequente lockdown. Ou talvez isso simplesmente tenha dificultado a compra física de recargas de dados à medida que as lojas fechavam as portas. 

Talvez de forma mais alarmante, mesmo antes do surgimento da COVID-19, o termo de busca número um na África do Sul era “Como conseguir dados gratuitos”. Após o surto pandêmico, esse termo de busca foi substituído por termos como “o que é coronavírus?” e “quando as escolas vão abrir?”. Isto não só ressalta uma surpreendente demanda por acesso gratuito à Internet na África do Sul em geral, mas demonstra uma necessidade desesperada de informações vitais relativas à saúde, bem-estar e educação durante um período de crise nacional. 

Aperfeiçoamento das operadoras de redes celulares 

A internet está rapidamente se tornando o principal veículo da sociedade para a realização de tarefas. Solicitamos carteiras de habilitação e passaportes on-line. Nossos governos compartilham informações de serviço público on-line. Até mesmo nossas buscas por emprego e inscrições para o ensino superior começam on-line. É claro que isto tem muitas vantagens, mas, assim como a pandemia, também chama a atenção para a “desigualdade de acesso” e a barreira digital que está se alargando em certos países. Isto certamente é um problema, mas também pode ser uma oportunidade disfarçada para as operadoras de redes de telefonia celular que estão dispostas a alterar sua abordagem e criar novos serviços para colocar mais pessoas online. 

Numa época em que muitos indivíduos em nações em desenvolvimento estão encontrando dificuldades para o acesso à internet, criar os meios para que se conectem de forma acessível – ou mesmo gratuita – é a maneira perfeita de cultivar a fidelidade do cliente. O que pode começar como um pacote gratuito para que as pessoas utilizem serviços governamentais, acessem portais educacionais ou até mesmo versões “light” de aplicativos como o Facebook – todos os quais consomem muito poucos dados – pode levar a oportunidades de vendas cruzadas e vendas digitais à medida que a infraestrutura da rede local cresce. 

Simplificando, as operadoras de redes de telefonia celular que estão dispostas a fornecer serviços essenciais agora serão as que reterão uma fatia maior do mercado à medida que o acesso à Internet nessas regiões se estabelecer melhor. 

[1] GASMA, A economia celular em 2020, 2020

[2] Negociando Economia, Salários Mínimos | America, 2021

[3] Capitalista visual, Quanto custa 1GB de dados móveis em cada país?, 2020

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